O Conselho de Ética da Câmara se reúne na tarde desta quarta-feira (1º) para acompanhar a leitura do relatório do processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apresentado na última segunda-feira (31) pelo relator do caso, deputado Marcos Rogério (DEM-RO).
 

Alegando cautela, Rogério não revelou se o documento de 84 páginas vai pedir a cassação do peemedebista. “Minha cautela de não antecipar conclusões de voto é justamente para preservar o processo, para que não haja manobras no sentido de amanhã [hoje] solicitarem meu impedimento e nós estarmos novamente com o processo se arrastando por muito mais tempo.”
 

Cunha está sendo acusado de quebra de decoro parlamentar por supostamente ter mentido em uma sessão da CPI Petrobras ao afirmar que não tem contas em seu nome no exterior. O deputado alega que não é o dono de contas, mas reconhece que instituiu trustes (entidades que administram bens e recursos) para gerir ativos que diz ter acumulado, por exemplo, com a venda de carne enlatada para países africanos. Ele afirma que é beneficiário atualmente de um truste, chamado Netherton.

Diante da possibilidade de pedido de vista, o presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), prevê que a discussão e votação do parecer ocorra somente na próxima terça feira (7).
 

Mais manobras

O presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), aliado do deputado Eduardo Cunha,  encaminhou ontem uma consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a respeito do rito dos processos de cassação de deputados federais. Embora não esteja especificado que se trata de uma consulta sobre a tramitação do processo contra Cunha, a iniciativa ocorre na reta final de apreciação da representação contra o peemedebista no Conselho de Ética.

A consulta é vista por opositores de Cunha como mais uma manobra para atrapalhar o andamento do processo no conselho. Em outras ocasiões, Maranhão deu pareceres favoráveis ao peemedebista, atendendo a requerimentos de aliados do presidente afastado.
 

Afastamento

Desde o dia 5 de maio, Cunha está afastado das funções de deputado federal e da presidência da Câmara dos Deputados por decisão unânime do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). O STF entendeu que Cunha usava o cargo de presidente para “constranger, intimidar parlamentares, réus, colaboradores, advogados e agentes públicos com o objetivo de embaraçar e retardar investigações”.
Fonte: Revista Fórum