seminario feticom No seminário de planejamento das Campanhas Salariais 2017, realizada no período de 25 a 27 deste mês de janeiro, a Feticom-SP estabeleceu que o lema deste ano é “Nenhum direito a menos!”. O evento foi coordenado pelo presidente da Feticom-SP, Ademar Rangel da Silva, realizado na Colônia de Férias da entidade, na cidade de Mongaguá, e reuniu cerca de 100 dirigentes sindicais de diversas regiões do Estado de São Paulo que aprovaram por unanimidade, após participarem de diversas palestras de técnicos e especialistas em política e economia, seguido de amplos debates, que na campanha salarial deste vão unir as forças e trabalhar ainda mais firme para buscar avanços aos trabalhadores da construção e do mobiliário. 
As delegações de dirigentes sindicais chegaram para o evento e realizaram suas inscrições no dia 25, enquanto que no dia 26, logo pela manhã, o presidente da Feticom-SP, Ademar Rangel da Silva, deu às boas vindas a todos e abriu os trabalhos. A primeira palestra foi proferida por Thomaz Ferreira Jansen – DIEESE, sobre “Conjuntura econômica nacional e internacional”, que fez balanço da situação da construção civil e do mobiliário, mostrando que no período de 2009 a 2013 o setor cresceu mais do que o PIB, mas os trabalhadores não tiveram o mesmo crescimento salarial. Segundo o especialista, o crescimento que foi puxado pelos programas “Minha Casa, Minha Vida” e pelos da Copa do Mundo de Futebol e que nesse momento encontra dificuldades, inclusive sendo influenciado negativamente pela “Operação Lava Jato” e pelos altos juros. Para ele, o PIB brasileiro neste ano deve crescer cerca de 0,5% e o INPC deverá ficar na casa dos 5%. Neste cenário, defende que a o movimento sindical tem como “tarefa recuperar perdas” das campanhas salariais do ano passado. 
Em seguida, o professor e jornalista João Guilherme Vargas Neto, ao abordar o tema “O que o Governo pretende com a flexibilização da legislação trabalhista, previdenciária, limite e gastos e como poderá se dar o enfrentamento sindical no cenário atual”, disse que o Brasil tem cerca de 20 milhões de desempregados. “Isso significa quase o dobro do que se anuncia”. Já o número de sindicalizados é semelhante ao dos desempregados. Para ele, a conjuntura econômica vive uma depressão e não perspectiva, a curto prazo, para reverter o desemprego, o que contribui para queda dos salários, enquanto que a derrota da ex-presidente Dilma Rousseff e do PT significam isolamento dos trabalhadores na sociedade. Os atuais mandatários do País, na avaliação de João Guilherme, “pretendem fazer com que o movimento sindical se torne irrelevante, como é nos Estados Unidos”, e o atual governo tem forças para aprovar as reformas trabalhista e previdenciária, e regulamentar a terceirização, cabendo aos trabalhadores protestar para tentar combater a redução de direitos. Apesar de considerar a “mídia adversária”, ele citou quatro notas técnicas da Anamatra, que critica a reforma trabalhista, favoráveis aos trabalhadores. “A atual conjuntura é difícil, complicada e desfavorável. É necessário resistência contra os ataques e unidade de ação”, defendeu.
“Realidade do movimento sindical atual: tendências, divergências 
e o que fazer” foi tema abordado por José Reginaldo Inácio, diretor da CNTI e da Nova Central, que fez um apanhado dos ataques que o movimento sindical e os trabalhadores estão enfrentando. Para ele, não é verdadeiro que a CLT é desatualizada, uma vez que a legislação e normas que tratam da questão já sofreram 5.241 alterações desde a promulgação da Constituição em 1988. José Reginaldo diz que neste cenário é necessário que cada dirigente sindical saiba entender e debater as propostas de mudanças que estão sendo propostas. 
Já no período da tarde, o diretor da ICM, Nilton Freitas, abordou “Acordos, Marcos regulatórios e ações junto a empresas instaladas em vários Municípios, Estados, Países”, mostrando a importância deste trabalho para se fazer os enfrentamentos em defesa dos trabalhadores. Em seguida, o assessor jurídico da Feticom-SP, Antonio Rosella, abordou, de forma didática, o tema “Tendências dos Tribunais nos julgamentos dos dissídios coletivos e trabalho”, mostrando todos os passos para que se impetre com um pedido de dissídio coletivo. 
André Luis dos Santos, do Diap, abordou a conjuntura política e econômica do Brasil, mostrando que o governo tem uma base de apoio para aprovar as reformas trabalhista e previdenciária, e que há, sim, riscos do presidente Michel Temer perder o mandato. Neste caso, o Congresso Nacional escolheria o seu substituto para um mandato tampão, onde os principais nomes são do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; do atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e do presidente da Câmara Federal Rodrigo Maia. 
Os trabalhos do dia foram finalizados com debate sobre as Campanhas Salariais, com balanço feito pelo presidente Ademar Rangel da Silva. Enquanto o vice-presidente e coordenador de negociações da Feticom-SP, Gilmar Guilhen, falou sobre o trabalho e as conquistas obtidas na campanha salarial de 2016. Já o vice-presidente e coordenador de mobilização, Arivonaldo Galdino, abordou o trabalho realizado em nível estadual no ano passado e apresentou propostas e estratégias para a campanha salarial deste ano, enquanto que o vice-presidente e coordenador das Bases Inorganizadas, Sérgio Melhado, falou do trabalho realizado e das metas para este ano. 
Os trabalhos do dia 27 foram abertos com a participação do presidente da Fundacentro, Paulo Arsego, e de Washington Santos, coordenador da bancada dos trabalhadores na Comissão Tripartite Paritária Permanente, quando destacaram a importância do trabalho e da participação da Feticom-SP, nas discussões da NR-12. Eles defenderam a necessidade de o movimento trabalhar cada vez mais para se garantir a segurança do trabalhador, uma vez que desde 2015 o Brasil tem registrado mais mortes de trabalhadores do que o trânsito. 
Em seguida, o presidente do Sindicato dos Marceneiros de São Paulo, Antonio Lopes de Carvalho, e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Piracicaba, Milton Costa, apresentam experiências de negociações regionais em suas bases, que tem garantido avanços aos trabalhadores. 
O deputado federal Arnaldo Faria de Sá fez o último painel do seminário, enfocando “Reformas Trabalhista e Previdenciária - andamento e tendências na Câmara Federal”. Garantindo que a Previdência Social tem superávit e que o objetivo único de ampliar a idade para aposentadoria é abrir mercado para a previdência privada, deixando claro que somente a mobilização da sociedade poderá influenciar o Congresso Nacional a reduzir os impactos da reforma previdenciária. “Tem que ter idade diferenciada, com o homem se aposentado aos 60 anos e a mulher as 58”, propõe. Temos que defender o que é nosso, muitos parlamentares nem sabem o que estão votando. 
O seminário foi encerrado com os participantes aprovando o lema da campanha salarial 2017 “Nenhum direito a menos”, e formação das comissões de negociações por categoria ampliada, apresentado pelo vice-presidente Gilmar Guilhem. 
No encerramento dos trabalhos, o presidente Ademar Rangel da Silva voltou a dizer que vai continuar trabalhando incansavelmente para que a Feticom-SP volte a desenvolver um trabalho melhor ainda do realizado nos seus melhores tempos, voltados garantir a valorização e o respeito ao trabalhador da construção e do mobiliário no Estado de São Paulo.

Fonte: Vanderlei Zampaulo - Feticom