Até esta terça- (29), todas as 150 usinas produtoras de açúcar e etanol em São Paulo terão as atividades paralisadas. O prejuízo pode chegar a R$ 180 milhões ao dia.

É o que afirma a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), entidade que concentra os principais grupos sucroenergéticos do centro-sul do país. O estado é o maior produtor de cana do país e responde por 60% do etanol e açúcar fabricados.
De acordo com a associação, os protestos nas rodovias brasileiras provocaram a falta de peças e de diesel para abastecer máquinas e equipamentos nas indústrias e desabasteceram os estoques de alimentos no refeitório, entre outros problemas.

Com isso, ao menos 2 milhões de toneladas de cana deixarão de ser processadas no estado diariamente, responsáveis pela produção de 150 mil toneladas de açúcar e 100 milhões de litro de etanol.

"O cenário é preocupante porque, além de aumentar os custos de produção, reduz o faturamento das unidades produtoras em aproximadamente R$ 180 milhões por dia, o que pode comprometer a sobrevivência de muitas dessas empresas, que já estão com nível de endividamento elevado diante da crise vivenciada pelo setor sucroenergético nos últimos anos", diz trecho de nota da entidade.

Outro fator que deve provocar gasto expressivo às usinas é o atraso no período da moagem --que normalmente termina até a primeira quinzena de dezembro.

Um dos grupos sucroenergéticos que já pararam as atividades foi o Tereos, que tem sete usinas no interior paulista.
Segundo a empresa, a maior parte das operações nas unidades industriais foi interrompida. "Bloqueios em estradas da região continuam dificultando a chegada de insumos e matérias-primas essenciais às operações. As operações interrompidas serão retomadas assim que os acessos forem restabelecidos", diz a Tereos.

O setor sucroenergético emprega 310 mil pessoas em São Paulo, que tem 14 mil produtores que fornecem cana às usinas.
O estado está longe de ser o único a ter usinas prejudicadas com a paralisação dos caminhoneiros. Em Minas Gerais, só nos quatro primeiros dias dos protestos, 34 usinas já haviam deixado de vender etanol, além ter de dificuldades para transportar o açúcar, conforme a Siamig (Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais).

No Paraná, ao menos três usinas sofreram impacto na produção até esta segunda.

A Unica informou ainda que canaviais paulistas foram alvo de incêndios criminosos, após usinas "tentarem entregar etanol para garantir o mínimo de suprimento".

Essa cana queimada gerará prejuízo às usinas, pois não serão processadas em tempo hábil que evite a perda da qualidade da matéria-prima.

A paralisação das usinas deverá fazer com que a segunda quinzena do mês termine com menos cana moída que na quinzena anterior, num ano em que o setor vem batendo recordes de produção em relação a safras passadas.

Além de pararem as atividades, as usinas também já relatam impactos com as exportações de açúcar e etanol --há carregamentos parados.

A Unica informou que o setor está pronto para a retomada das atividades, assim que a paralisação for interrompida.