Contrariando manchetes da mídia, analistas e a equipe econômica da gestão Michel Temer, Brasil segue em crise e a recessão brutal resultou no fechamento de 64.368 empresas e o fim de 2,13 milhões de postos de trabalho em 2016. Os dados são do Cadastro Central de Empresas (Cempre), base de dados administrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com informações sobre todas as empresas formais constituídas no país.
Estranhamente os dados, que são de dois anos atrás, só foram divulgados nesta quarta (27) pelo IBGE que justificou a demora devido a complexidade da compilação das informações.
Comércio e Indústria são os mais afetados
Em 2016, havia 5,05 milhões de empresas e organizações registradas no país, 1,3% a menos que em 2015. No total, 51,4 milhões de pessoas trabalhavam nelas, incluindo assalariados, sócios e proprietários - o número é 4% menor que no ano anterior. De acordo com o estudo, os setores da Construção e Indústria estão entre os setores que mais sofreram.
Também houve queda de 3% do total dos salários e remunerações pagos no país (R$ 1,66 trilhão para R$ 1,61 trilhão).
Indústrias de transformação e construção tiveram as maiores reduções em pessoal ocupado
De 2010 a 2016, 1,5 milhão de novos vínculos empregatícios assalariados foram gerados nas empresas e outras organizações formais. Entre 2014 e 2016, houve redução de cerca de 3,7 milhões de assalariados, sendo 1,7 milhão em 2015, e 2,0 milhões em 2016, com maior contribuição negativa das atividades de indústria de transformação (27,7%), construção (25,9%), atividades administrativas (9,8%) e administração pública, defesa e seguridade social (8,4%).
Pesquisa Industrial Anual-Empresa – Pessoal Ocupado na indústria (2007-2016)
Desvalorização dos salários
O IBGE também indicou os piores salários no período. Quem trabalhava nos serviços de alojamento e alimentação (R$ 1.363,30); atividades administrativas e serviços complementares (R$ 1.652,44) e no comércio, que inclui também a reparação de veículos (R$ 1.753,80).
Entre os dados revelados pelo balanço anual do Cempre, também foi possível verificar, em 2016, uma redução na diferença salarial tanto entre o que era ganho por homens e mulheres quanto o que ganhavam os trabalhadores com e sem diploma universitário.
O salário médio pago às mulheres em 2015 era de R$ 2.191,59 e, aos homens, R$ 2.708,22 (23,6% a mais para eles). Em 2016, essa diferença caiu para 22,2%, com um aumento maior para elas (R$ 2.368,98) que para eles (R$ 2.895,56).
Na divisão por grau de instrução, os trabalhadores com nível superior saem com larga vantagem, ganhando cerca de três vezes mais do que os colegas sem o diploma. A diferença, porém, também se espremeu um pouco de um ano para o outro: o salário do trabalhador sem nível superior cresceu, em média, 6,9% de 2015 para 2016, de R$ 1.745,62 para R$ 1.866,89, enquanto, no caso dos trabalhadores com superior completo, o aumento foi menor, de 3%, de R$ 5.349,89 para R$ 5.507,82. Com isso, a diferença de um para o outro caiu de 206,48% em 2015 para 195,03% em 2016.
Portal CTB - Com informações do IBGE